Secretaria Municipal de Educação

24/06/2020 - Educação
Estudante da EJA “dá pulo de alegria” ao aprender mexer com Whatsapp
Professora da rede municipal de Florianópolis cria vídeos para ensinar estudantes a lidar com novas tecnologias

foto/divulgação: Arquivo SME

Foto de Dona Maria Eunice no perfil do Whatsapp

Profissional da Prefeitura de Florianópolis, Zilá Rodrigues é especialista em Educação de Jovens e Adultos, a EJA. Ministra aulas para uma turma de 15 estudantes do 1º Segmento, que estão em processo de alfabetização.

 

 

 

Em tempos de pandemia, a comunicação com os estudantes se dá principalmente por áudio e fotos no Whatsapp, além das tarefas estarem disponíveis no Portal Educacional da Secretaria Municipal de Educação.

 

 

 

A turma é formada por pessoas de 35 anos a 72 anos da EJA Centro III, com sede na Escola Básica Municipal Donícia Maria da Costa, no bairro Saco Grande. Dentre os estudantes, alguns, conforme Zilá Rodrigues, ainda não se apropriaram da cultura digital.

 

 

 

Foi então que surgiu a ideia da professora criar vídeos para explicar para a turma como trocar fotos do perfil no Whatsapp e como conversar nesse aplicativo no modo privado com determinado colega. 

 

 

 

Os vídeos possuem legendas, assim como são enviadas imagens para os estudantes do passo a passo do que foi abordado nos vídeos. Zilá igualmente fez outro vídeo para que os estudantes se aperfeiçoem em tirar fotos das tarefas para serem remetidas a ela.

 

 

 

Dona Maria Eunice, 65 anos de idade, deu “um pulo de alegria“ ao conseguir colocar a foto dela no perfil do Whatsapp. Diz que se sentiu numa auto escola. “Primeiro, coloquei a chave na direção do carro, depois girei a chave, funcionou. Aí foi. Marcha, farol, semáforo. Aí fui aprendendo”.

 

 

 

Sentiu-se vencedora. “Aí , quando chega onde a gente aumenta e diminui a foto , terminou a guerra”. 

 

 

 

“Para nós professores”, diz Zilá Rodrigues, “A nossa maior satisfação é em ver o resultado, resultado de uma evolução ou ampliação do conhecimento vindo por parte dos estudantes”.

 

 

 

Relata que a comunicação virtual é feita pelo Whatsapp. “A grande maioria, não acessa facebook e ainda não se apropriou de pesquisas pela internet”.

 

 

 

Segundo o secretário de Educação da Capital, o uso de tecnologias, especialmente às das redes sociais, como o Whatsapp, tornou-se fundamental  para a comunicação e, consequentemente, para o processo de ensino e aprendizagem.

 

 

 

“É importante que em todas as modalidades de ensino os professores estejam preocupados com a inclusão digital, como no caso da alfabetização, que é o primeiro segmento da EJA.

 

 

 

Conteúdo programático

 

 

 

Os vídeos sobre o whatsapp são só um detalhe que vem para agregar no leque de planejamentos de atividades decididas em reuniões feitas com coordenadores e professores nos cursos de formação continuada em planejamentos e registros, relata Zilá.

 

 

 

Como proposta, os estudantes já fizeram leitura de rótulos de embalagens. Cada um tirou uma foto de um rótulo que tinha em casa e enviou ou para o grupo ou para a professora no privado, foto essa com o dedo apontando para a palavra que reconheceu na embalagem.

 

 

 

Em outra semana, trabalharam músicas que a turma gosta. “Assim, cada um compartilhou a sua música preferida, o resto da turma fazia a interpretação da música e o reconhecimento de algumas palavras da letra, enquanto eu fico com a parte de transcrever a letra e fazer a leitura via vídeo. Além de compartilhar uma foto da música transcrita”.

 

 

 

Diário de Bordo

 

 

 

Há ainda um diário de bordo. Cada um dos estudantes pode escrever algo sobre o seu dia, um pensamento, uma poesia. Os temas do diário ficam por conta deles.

 

 

 

Salienta a professora Zilá que  intenção dessas atividades sempre será voltada para o uso da leitura, tendo em vista ser este o princípio educativo do 1º Segmento da EJA.

 

 

 

“A escrita é compartilhada, porém não faço a correção ortográfica. Tento fazer a leitura do texto ou frase que eles me escrevem. Nessa fase de ensino a proposta é fazer com que eles primeiramente aprendam a ler”.

 

 

 

Acrescenta a professora: “então, por exemplo, se um estudante me envia uma palavra por escrito, 'meza’ e eu entendo que está escrito ‘mesa’ houve sim uma comunicação”.

 

 

 

Zilá faz a leitura do texto que o estudante enviou para ela dando retorno da comunicação. “Caso o estudante queira saber se a palavra escrita está de acordo com a norma padrão, escrita corretamente, eu faço a correção para este estudante no particular, sem expor ninguém”. 

 

 

 

Depoimento completo de Dona Eunice

 

 

 

Desde o dia que a senhora colocou, eu tô conseguindo passo a passo. Como eu não tinha nenhuma foto, eu pedi para a Marcela (neta) tirar uma foto minha. A senhora nem imagina, o pulo de alegria que eu dei quando eu vi a minha foto aí, no celular (soltou uma gargalhada).

 

 

 

É difícil professora para chegar a entender. Mas, dessa vez a senhora explicou tão bem explicado como era que entrava, como era que fazia no ‘zap’, como aumentava, como diminuía a foto. Eu fui.

 

 

 

Primeiro, eu tentei umas seis vezes. Aí, eu fiquei ali sentada, olhando, olhando, olhando.  Ai, primeiro, tirei a foto. Aí, como se diz, fiz todo o retorno, como a gente tá na auto escola para aprender a dirigir. Primeiro, coloquei a chave na direção do carro, depois girei a chave, funcionou. Aí foi. Marcha, farol, semáforo. Aí fui aprendendo. Aí , quando chega onde a gente aumenta e diminui a foto, terminou a guerra.


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