Secretaria Municipal de Educação

15/12/2017 - Educação
Como preservar tubarões e raias? Escola Herondina tem a resposta
Projeto Pescando Saberes é uma parceria entre a ONG Caipora Cooperativa e a Secretaria Municipal de Educação

foto/divulgação: Herondina Medeiros Zeferino

Visita ao museu oceanográfico

Por que precisamos cuidar dos tubarões e raias? Esse foi o tema de um concurso promovido pelo projeto Pescando Saberes, da ONG Caipora Cooperativa, com 25 turmas de escolas municipais de Florianópolis. Após a produção de cartazes, a turma vencedora foi a do 5º ano da Escola Básica Herondina Medeiros Zeferino, localizada em Ingleses.

 

Como prêmio, receberam uma viagem de estudos ao Museu Oceanográfico da Univali, em Piçarras, que possui a maior coleção privada de tubarões e raias do mundo, com 9.900 espécimes. O objetivo do projeto, que é realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, é colocar em prática ações de pesquisa e educação ambiental.

 

A primeira parte da iniciativa consistiu em aplicar um questionário em cinco escolas próximas ao mar e colônias de pesca de oito bairros de Florianópolis. O questionário, com perguntas sobre conhecimentos e impressões acerca de tubarões e raias, foi respondido por 689 alunos.

 

Com os resultados das perguntas, os pesquisadores retornaram às escolas para promover debates e atividades educativas, em conjunto com os monitores do Labitel, o Laboratório de Biologia de Teleósteos e Elasmobrânquios da Universidade Federal de Santa Catarina.

 

Assim, os alunos puderam conhecer algumas espécies de tubarões e raias que habitam a costa do estado, suas características, diferenças e importância para o equilíbrio marinho, manuseando exemplares da coleção didática da UFSC.

 

Preservação na sala de aula

 

“Aprendi com o projeto que os tubarões e raias precisam ser preservados, pois se forem caçados indiscriminadamente ocorrerá um desequilíbrio na cadeia alimentar marinha”, conta Bruno Gomes Flôer, de 10 anos, estudante da turma ganhadora do concurso.

Maria Eduarda Ferreira Silva, sua colega de sala, também de 10 anos, explica que a produção do cartaz começou com uma coleta de informações sobre os animais. Bruno completa: “Depois que fizemos a pesquisa, percebemos que a pesca de arrastão é um dos vilões do mar e a partir daí fizemos os textos e os desenhos”. A pesca de arrastão utiliza um barco que opera redes de arrasto, ou seja, redes em forma de saco que são puxadas a uma velocidade que permite que o que for pescado seja retido dentro da rede.

 

“Com o projeto aprendi que temos que preservar a natureza e esses animais. Vencemos e fomos para o museu oceanográfico. Foi maravilhoso”, finaliza Maria Eduarda.

 

Mitos e verdades

 

De acordo com o questionário feito, a maioria das crianças acredita que os tubarões sejam agressivos e uma ameaça para as pessoas. Porém, o homem não faz parte da sua alimentação. Ataques com mortes são raros, sendo somente cinco por ano no mundo todo.

 

O homem, pelo contrário, representa um perigo para a espécie marinha. A pesca excessiva de tubarões ameaça o equilíbrio dos oceanos, pois eles são animais do topo de cadeia, isto é, que não possuem predadores naturais e regulam as populações de outros peixes.

 

Além disso, ao contrário da maioria dos peixes, os tubarões se reproduzem lentamente.  Algumas espécies levam até quinze anos para começarem e só então gerar um único ovo por ano.

 

A pesca industrial é a principal ameaça aos tubarões. Porém, a pesca artesanal, em função de seus equipamentos e de pescar mais próxima à costa e em regiões de desova, acaba pegando filhotes que não entraram ainda na idade reprodutiva, além de fêmeas grávidas.

 

No Brasil, há 151 espécies registradas, muitas delas habitantes da costa catarinenses. Cação é o nome popular do tubarão.

 

Ações educativas

 

Para finalizar o projeto, um cartaz educativo que destaca curiosidades, informações e a importância de se preservar esses animais está sendo confeccionado pela ONG e será distribuído em comércios, escolas, colônias de pesca e outras organizações.

 

No início de 2018, está previsto um workshop de debate sobre políticas públicas, pesquisas científicas e ações educativas e de conservação desses animais, reunindo universidades, associações de pescadores, Secretaria de Educação e Comissão de Pesca e Assuntos do Mar da Câmara de Vereadores.

 

A ONG Caipora Cooperativa reúne profissionais de diversas áreas para atuar em pesquisa e conservação da biodiversidade, uso sustentável dos recursos naturais e educação ambiental. Vem realizando ações desde o início de 2017 em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis e com apoio do Instituto Linha D’água.