Secretaria Municipal de Educação

17/08/2015 - Educação
Crianças se unem em prol da inclusão de colega
Julio, portador de paralisia cerebral, aproxima comunidade do NEI Doralice Maria Dias

foto/divulgação: NEI Doralice Maria Dias

Julio Cesar Bitecourt, de apenas dois anos, está transformando a unidade.

A união e o trabalho em equipe das crianças e profissionais do Núcleo Municipal de Educação Infantil Doralice Maria Dias, na Vargem do Bom Jesus, em prol da inclusão, está transformando a vida de toda a comunidade escolar.

 

A chegada do menino Julio Cesar Bitencourt, de dois anos, vem ensinando aos pequenos e às professoras um novo significado para a palavra amizade. Julio chegou à unidade com diagnóstico médico de paralisia cerebral.

 

Possui o movimento do corpo e da fala limitados e não consegue mastigar os alimentos. Há a necessidade do acompanhamento dos pais, professores e profissionais especializados, como fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista e educadora especial, que atendem na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).

 

A paralisia cerebral é provocada por uma lesão de uma ou mais partes do cérebro, muitas vezes ocasionada pela falta de oxigenação das células cerebrais. O distúrbio acontece, na maioria das vezes,  no desenvolvimento durante a gestação ou por complicações no parto, como foi o caso de Julio.

 

Depois do estranhamento, a aceitação

 

Ao chegar à unidade, as crianças o estranharam um pouco, simplesmente não haviam compreendido o porquê de Julio não poder caminhar ou falar, agir como os outros colegas de sala.

 

Com o trabalho da professora Elaine Lima, da auxiliar de sala Andrea Vanessa Gerstner, da professora auxiliar Claudiana Paula Santos, do professor de educação física Edison Roldão e da professora de educação especial Michele Kreischer, a instituição voltou-se para o menino com o sentimento de incluí-lo como membro da família escolar

 

“No começo, as crianças não o entendiam, não sabiam das limitações. Queriam brincar e interagir com ele assim como fazem com os amigos. Com o tempo, os pequenos perceberam que, apesar de não poder participar da mesma forma, Julio faz parte da nossa turma”, comentou a pedagoga Elaine.

 

A importância do menino Julio na unidade é notória. Sempre está cercado pelos colegas que gostam de ajudá-lo, além de se preocuparem com a interação dele nos momentos de brincadeiras e atividades.

 

'O que mais me toca são os momentos em que ele sorri'

 

Segundo a professora de educação especial Michele, a intenção é sempre adaptar as propostas para que todos possam incluí-lo nos exercícios, bem como mostrar que a dificuldade de um portador de necessidade especial não é motivo para excluí-lo da sociedade.

 

“O Julio é um menino sereno, muito tranquilo. O que mais me toca são os momentos em que ele sorri. Nós nos comunicamos através dos olhares, ele é um menino especial de todas as formas e acredito que demonstra os sentimentos através do olhar”, relatou Michele.

 

Preocupação com a alimentação

 

Michele Kreischer trabalha como professora auxiliar de educação especial desde 2013 na rede municipal de ensino. Hoje, atua no NEI Doralice Maria Dias e na Escola Básica Municipal Luiz Cândido da Luz.

 

A professora disse que é a primeira vez que trabalha com uma criança com paralisia cerebral, e que a maior atenção é com relação à alimentação de Julio.

 

“Os alimentos devem ser triturados, pois ele não consegue mastigar. Por isso, as cozinheiras da unidade são orientadas a preparar a refeição de forma que facilite a ingestão”, informou Michele.

 

Para ela, a educação especial ainda vai ultrapassar muitas barreiras, devido ao preconceito de muitas pessoas na hora de aceitar um estudante portador de necessidade especial.

 

 

A educadora afirmou: “É um trabalho maravilhoso e significativo. É um agente transformador que não auxilia apenas quem é atendido, mas todos aqueles que trabalham em conjunto para que a inclusão aconteça de verdade”.

 

 

Ela comentou, também: “A paixão que sinto por desenvolver essa função é transformadora, e a maior gratificação é ver a mudança de ações por todos os envolvidos na educação das crianças”.

 

Passeio com Julio

 

Buscando ultrapassar as barreiras da sala de aula, as profissionais da unidade integram o menino Julio em todos os ambientes. Julio, com os colegas e com o apoio da professora readaptada Meirelle de Souza dos Santos, participou de um passeio para conhecer a praia da Barra da Lagoa e o projeto Tamar, que luta pela preservação das tartarugas marinhas, ameaçadas de extinção.

 

A atividade faz parte do tema em que a turma está trabalhando, “Identidade da Ilha”, que propõe a exploração cultural e dos pontos turísticos de Florianópolis.

 

“Foi uma atividade emocionante por marcar a integração dos pequenos. Possibilitar uma nova forma de agir e pensar, principalmente nas atitudes tomadas com relação à deficiência de uma pessoa, é nosso objetivo”, frisou a pedagoga Elaine.

 

Estrutura da rede

 

A rede municipal de ensino da Capital é responsável por 520 estudantes com algum tipo de deficiência e transtorno do espectro autista, distribuídos na educação infantil, fundamental e na educação de jovens, adultos e idosos.

 

São 44 professores de educação especial que atuam no atendimento educacional especializado e 130 auxiliares para alunos que têm restrições na locomoção, não conseguem se alimentar sozinhos e necessitam de auxílio nos cuidados pessoais.

 

Há ainda dez professores e 12 intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), além de 15 professores que atuam no Centro de Atendimento Pedagógico para Alunos com Deficiência Visual – CAP.

 

Também são disponibilizadas 22 salas multimeios, dotadas de instrumentos e equipamentos, para o Atendimento Educacional Especializado. Todos os profissionais participam de formação continuada para aprimoramento da prática de Atendimento Educacional Especializado.


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