IGEOF - Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis

05/12/2014 - Oportunidade
Curso no Pronatec rende sonho de uma nova vida
Moradores de rua fazemcurso de eletricidade predial e fazem planos para o futuro

foto/divulgação: Petra Mafalda/PMF

Aquele velho homem morreu, diz Edésio Meira

“Aquele velho homem morreu. Agora, sou um novo homem, eletricista”, comemora, orgulhoso de si, o ex-morador de rua Edésio Meira, 42 anos, natural de Florianópolis. Ele é um dos formandos do Curso de Instalador Eletricista Predial do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) oferecido pela Prefeitura de Florianópolis.

Meira conta que ficou sabendo do curso ao ler um cartaz afixado no Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP), na Passarela Nego Quirido,  durante o período de um mês em que passou as noites na rua. Ele já trabalhava havia cerca de três meses como auxiliar de padeiro e, por resolver fazer o curso, foi convidado por uma senhora conhecida para abrigar-se num cômodo existente na parte de trás da casa dela.

Agora, com o curso concluído e o diploma quase na mão, já fazendo algumas instalações elétricas na padaria, Edésio, que no passado teve depressão após a morte da ex-mulher, sente-se capacitado e revigorado para o mercado de trabalho para o qual acredita ter vocação. “Para quem nunca tinha feito um curso, e agora vai ‘tirar’ um diploma, parabéns pra mim!”, graceja, feliz com as novas perspectivas.

Mas o pai de dois filhos já com 17 e 21 anos, que até outro dia teve aula nas instalações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), também destaca que não é o único com chances de oportunidades melhores após os estudos. “Minha vida estava meio devagar, mas, depois do curso, estou mais contente, mais positivo e com mais disciplina. Este curso foi muito importante para mim e também para os outros que fizeram.”

É o caso de seu colega Emídio José de Sousa, de 48 anos, também de Florianópolis, que há aproximadamente 16 anos vive em situação de rua nos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Ele, que já foi usuário de drogas, mas agora luta apenas para deixar o cigarro, relata que, quando soube do curso do Pronatec no Centro POP, pensou: “Vai ser a minha chance de pegar um curso!”.

Quando era jovem, fez curso de técnico em Eletrônica e chegou a ter oficina. “O mundo da droga em que eu caí foi devastando tudo. Esse mundo vai destruindo os ganhos que a gente tem”, relata Sousa, que não vê o filho único há cerca de 23 anos. Ele diz que os familiares com quem mantém contato estão entusiasmados com a “guinada” em sua vida. “Eles estão muito contentes porque eu sou um deles que conseguiu fazer um curso do Pronatec.”

Ele sorri ao revelar o plano que passa pela sua cabeça a menos de uma semana da formatura no Curso de Instalador Eletricista Predial: “Já compro um telefone e vou fazer uns papeizinhos para entregar nas lojas, para quando precisarem de serviço. É mais fácil eles virem atrás da gente do que a gente ir atrás deles”, acredita.

Formatura

Além de Meira e Sousa, mais de quatro mil outros alunos do Pronatec vão receber seus diplomas em solenidade no próximo dia 9. A Prefeitura da Capital, por intermédio do Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis (IGEOF), firmou parceria com o Sistema S (Senai, Senac, Senar, Senat) e com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e estará por trás dessas várias “guinadas” na vida.

A solenidade de formatura, que contará com a presença do prefeito Cesar Souza Junior, será no CentroSul e irá diplomar 4.238 alunos que concluíram os mais de 200 cursos de capacitação profissional realizados na cidade  em 2014. Durante a solenidade, haverá entrega simbólica de diplomas e dois dos alunos terão carteira de trabalho assinada na hora pela Embracon.


O Pronatec foi criado em 2011 pelo Governo Federal, com o objetivo de aumentar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica , buscando aumentar as oportunidades educacionais aos trabalhadores por meio de cursos gratuitos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional nas áreas de alimentação, indústria, comércio, turismo e tecnologia.


O IGEOF é há dois anos o órgão da estrutura municipal responsável pela mobilização da população e articulação com as unidades ofertantes, pactuando cursos, buscando recursos e espaços físicos para a realização das aulas.  


Uma das pessoas dentro do órgão que participa de todo o processo, desde a composição dos cursos até a formatura, é a assistente social Patrícia Nalovaiko. “Como assistente social, sempre acreditei que o indivíduo não consegue autonomia sem uma qualificação e o Pronatec veio como um marco na vida de muita gente: a pessoa se capacita, arruma trabalho e passa a ser valorizado como cidadão”, resume.


“Temos muito trabalho o ano inteiro com o ajustamento dos cursos, a espera para ver se são aprovados e finalmente a formatura, que é uma grande vitória”, completa. Além do IGEOF, as Secretarias de Turismo, Ciência e Tecnologia e Assistência Social estão envolvidas com a realização do Pronatec em Florianópolis.


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