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Florianópolis homenageia o catarinense João da Cruz e Sousa com uma programação especial em comemoração aos 150 anos de nascimento do poeta, considerado o introdutor do simbolismo no Brasil. Para dar mais visibilidade à vida e à obra do escritor, jornalista e militante da causa abolicionista, nascido na antiga Desterro, diversas atividades culturais serão realizadas, integradas às festividades alusivas ao Mês da Consciência Negra.
A agenda cultural do sesquicentenário está sob responsabilidade do Grupo de Articulação – 150 Anos do Nascimento do Poeta Cruz e Sousa, formado por instituições públicas federais, estaduais e municipais, além de organizações privadas e entidades não governamentais. O objetivo da iniciativa, coordenada pela Prefeitura de Florianópolis, é divulgar a poesia que imortalizou o escritor catarinense como o Cisne Negro da literatura e também oportunizar à população local redescobrir a trajetória deste conterrâneo ilustre que nasceu e morou na cidade boa parte de seus 36 anos de vida.
Oficinas de música, espetáculos teatrais, exposições, seminários, palestras, exibição de filmes, produção de games, performances artísticas, sessões solenes, encontros literários, e o lançamento de carimbo e selo personalizados com a imagem do poeta, são algumas das atividades previstas na programação que foi aberta no dia 24 de outubro, com sessão solene na Academia Catarinense de Letras, da qual Cruz e Sousa é um dos patronos.
O Grupo de Articulação é formado pela Fundação Franklin Cascaes (FCFFC); Secretaria Municipal de Educação (SME); Coordenadoria Municipal de Promoção de Políticas Públicas para a Igualdade Racial (Coppir); Secretaria Municipal de Transportes, Mobilidade e Terminais (SMTMT); Instituto Enréa; Fundação Catarinense de Cultura (FCC); SC Games; Câmara Municipal de Vereadores; Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Academia Catarinense de Letras (ACL); Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC); Associação Catarinense de Imprensa (ACI); e Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis (CDL).
Programação
24 de outubro (segunda-feira)
- Sessão Solene na Academia Catarinense de Letras – 19h
Local: Academia Catarinense de Letras / Casa José Boiteux
Av. Hercílio Luz nº 523 – Centro
3 de novembro (quinta-feira)
- Abertura das Comemorações do Mês da Consciência Negra – 19h
(2011 – Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes)
*Homenagens a Zumbi dos Palmares, Cruz e Sousa, Antonieta de Barros e Vicente do Espírito Santo
Local: Assembleia Legislativa de Santa Catarina
Rua Doutor Jorge Luiz Fontes nº 310 - Centro
(48) 3221-2500
10 de novembro (quinta-feira)
- Casa das Ideias – Cruz e Sousa do Desterro – 19h
*Conversa com a escritora Eglê Malheiros e a pesquisadora Zahidé Muzart sobre a vida e a obra de João da Cruz e Sousa
Local: Casa da Memória de Florianópolis
Rua Padre Migueliho nº 58 - Centro
(48) 3333-1322
16 de novembro (quarta-feira)
- No Cinema com Cruz e Sousa – 19h
*Exibição do filme Alva Paixão, de Maria Emília Azevedo
(SC, 1994, drama, 23min., livre)
Local: Cineclube da Fundação Cultural Badesc
Rua Visconde de Ouro Preto nº 216 - Centro
(48) 3224-8846
- Seminário de Diversidade Étnico-Racial da Rede Municipal de Ensino – 19h
Local: Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa
Praça 15 de Novembro nº 227 - Centro
(48) 3028-8090
- 1º Encontro Afro-literário de Florianópolis - 150 anos de Cruz e Sousa
Abertura / Palestra História e Literatura Afro-brasileira – 20h
*Palestra de Joel Rufino dos Santos (Rio de Janeiro/RJ)
Local: Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa
Praça 15 de Novembro nº 227 - Centro
(48) 3028-8090
17 de novembro (quinta-feira)
- Seminário de Diversidade Étnico-Racial da Rede Municipal de Ensino
Local: Senac/ Prainha
Rua Silva Jardim nº 360 - Centro
(48) 3229-3200
8h30 – Palestra 150 anos de nascimento de Cruz e Sousa
*Palestra de Uelinton Alves (São Paulo/SP)
10h30 – Palestra 110 anos de nascimento de Antonieta de Barros
*Palestra de Jeruse Romão (Florianópolis/SC)
13h30 – A construção do personagem negro na literatura infantil
*Palestra de Joel Rufino dos Santos (Rio de Janeiro/RJ)
15h30 – Debate
- Exposição Afro-literária de Florianópolis / Abertura – 9h
*Visitação de 17 a 26 de novembro
Terça a sexta-feira – 9h às 18h
Sábado e domingo – 10h às 16h
Local: Sala Martinho de Haro
Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa
Praça 15 de Novembro nº 227 - Centro
(48) 3028-8090
19 de novembro (sábado)
- Manifesto Nega – 18h30
*Espetáculo teatral do coletivo Negras Experimentações Grupo de Arte
Local: Teatro da UBRO
Escadaria da Rua Pedro Coelho nº 15 - Centro
(48) 3222-0529
21 de novembro (segunda-feira)
- Sessão Solene na Câmara de Vereadores – 19h
*Homenagem a Cruz e Sousa – proposição do vereador Márcio de Souza (PT)
Local: Plenário da Câmara Municipal de Florianópolis
Rua Anita Garibaldi nº35 - Centro
(48) 3027-5700
22 de novembro (terça-feira)
- Sessão Solene na Câmara dos Deputados – 10h
*Homenagem a Cruz e Sousa – proposição do deputado Esperidião Amin (PP)
Local: Plenário da Câmara dos Deputados / Palácio do Congresso Nacional
Praça dos Três Poderes – Brasília/DF
(61) 3216-0000
23 de novembro (quarta-feira)
- No Cinema com Cruz e Sousa – 19h
*Exibição do filme Cruz e Sousa – A Volta de um Desterrado, de Cláudia Cárdenas e Rafael Schlichting
(SC, 2008, documentário, 20min., livre)
Local: Cineclube da Fundação Cultural Badesc
Rua Visconde de Ouro Preto nº 216 - Centro
(48) 3224-8846
24 de novembro (quinta-feira)
- Homenagens a Cruz e Sousa no dia do nascimento do poeta
10h – Entrega de coroa de flores no busto de Cruz e Sousa
*Iniciativa do Gabinete do Vereador Márcio de Souza (PT)
Local: Praça 15 de Novembro - Centro
18h30 – Lançamento do selo e carimbo Cruz e Sousa – 150 anos
Local: Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa
Praça 15 de Novembro nº 227 - Centro
(48) 3028-8090
20h – Lançamento do game Cruz e Sousa – 150 anos
Local: Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa
Praça 15 de Novembro nº 227 - Centro
(48) 3028-8090
23h – Serenata para Cruz e Sousa
*Iniciativa do Gabinete do Vereador Márcio de Souza (PT)
Local: Praça 15 de Novembro - Centro
Cruz e Sousa - o Poeta do Simbolismo
O mestre do simbolismo no Brasil nasceu em Desterro, em 24 de novembro de 1861, com o nome de João da Cruz. Negro, filho dos escravos alforriados Guilherme da Cruz e Carolina Eva Conceição, foi educado com zelo e esforço pelos pais, contando com apoio dos ex-senhores da família, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa Clarinda. O casal, que não tinha filhos, ajudou na educação do menino e deu a ele o sobrenome.
Cruz e Sousa estudou no Ateneu Provincial Catarinense e, ainda jovem, aprendeu francês, latim e grego, dedicando-se também à matemática e às ciências naturais. Aos 20 anos ingressou no jornalismo e fundou pequenos jornais como o Colombo, O Moleque e a Tribuna Popular, junto com o escritor e amigo Virgílio Várzea, com quem publicou também o primeiro livro, em 1885, Tropos e Fantasias.
Enfrentando dificuldades financeiras, sofrimentos familiares e o preconceito da sociedade, o Cisne Negro (como era conhecido no meio literário) viveu uma espécie de exílio em sua terra natal. Negro numa sociedade escravocrata, o escritor catarinense foi incompreendido por seus versos simbolistas e pela poética que o colocou ao lado da vanguarda francesa. Por sua obra inovadora foi rejeitado pela Academia Brasileira de Letras, além de ter sido muitas vezes acusado de indiferença à escravidão e de ter vergonha de ser negro. Por sua origem, foi recusado para ocupar o posto de promotor na província de Laguna.
Engajado nas lutas de seu tempo, e militando contra a escravatura, em favor do abolicionismo, Cruz e Sousa escreveu diversos artigos e poesias, e atuou em inúmeros jornais brasileiros, especialmente do Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1890. Em fevereiro de 1893, publicou Missal (prosa poética) e no mesmo ano, em agosto, divulgou Broquéis (poesia), deflagrando o Simbolismo no Brasil e liderando um movimento de renovação literária que se estendeu até 1922.
Casado com Gavita Rosa Gonçalves, também negra, teve com ela quatro filhos, que morreram cedo vítimas da tuberculose. A doença também vitimou o escritor levando-o à morte em Minas Gerais, aos 36 anos de idade, em 19 de março de 1898. Com a publicação póstuma de várias obras de sua autoria, como os livros Evocações (1898, prosa), Faróis (1900, poesia) e Últimos Sonetos (1905, poesia), o poeta negro conquistou enfim o reconhecimento por sua poesia universal.
O corpo de Cruz e Sousa foi transportado para o Rio de Janeiro num vagão utilizado para o transporte de animais. O enterro, realizado no Cemitério de São Francisco Xavier, contou com a presença de poucos amigos, como José do Patrocínio, um dos destaques dos movimentos abolicionista e republicano. Em 2007, os restos mortais do escritor foram trasladados pelo Governo de Santa Catarina e estão hoje depositados no Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa, no “coração de Florianópolis”.