Secretaria Executiva de Comunicação Social

28/01/2014 - Patrimônio
Prefeitura lança concurso para recriar o Miramar
Objetivo é resgatar aquele que o foi o principal ponto de encontro da Ilha

foto/divulgação: Átila Ramos

Pré-projeto apresentado ao prefeito

O prefeito Cesar Souza Júnior anunciou nesta terça-feira (28) o lançamento de concurso nacional de arquitetura para reconstituição do antigo Trapiche Municipal Miramar, que fez história como um dos principais pontos de encontro da Ilha de Santa Catarina até a década de 1970, quando foi demolido para construção do Aterro da Baía Sul.

De acordo com o prefeito, o edital do concurso será lançado no dia 23 de março, aniversário da cidade, e faz parte do projeto de revitalização do Centro Histórico, iniciado ano passado pela Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SMDU).

Nesta terça-feira, em reunião com o secretário Dalmo Vieira Filho e com Roberto Laus, um dos idealizadores do projeto em conjunto com os artistas plásticos Cipriano e Átila Ramos, ficou definido que a reconstituição do Miramar deve contar com prospecção arqueológica da localização das ruínas soterradas, a fim de elaborar uma proposta baseada em registros históricos fiéis.

Pelo pré-projeto apresentado ao prefeito, assinado por Átila Ramos, o novo Miramar ficará cercado por lâmina d’água e será erguido no exato local onde estava originalmente.

O secretário Dalmo Vieira Filho destaca que o projeto de reconstituição do Miramar prevê a instalação de um memorial, contanto a história do antigo Trapiche, bar e restaurante que movimentou a cidade durante 50 anos.
 
Um pouco da história (*)
 
Inaugurado em setembro de 1928, o Bar e Restaurante Miramar foi um dos principais pontos de encontro da elite econômica e cultural florianopolitana entre as décadas de 20 e 60 do século XX. Ao longo desses quase 50 anos, o Miramar reuniu boêmios, artistas, músicos, jornalistas, políticos, foliões no Carnaval, que na época acontecia nos arredores da praça XV, e espectadores das regatas de remo. A construção fez parte de uma seqüência de obras com o objetivo de modernização urbanística da cidade.

É por tudo isso que a demolição, ocorrida em 24 de outubro de 1974, em decorrência da construção do aterro da Baía Sul, seja ainda hoje lamentada. O Miramar nasceu como reflexo dessa onda de modernização que tomou conta de Florianópolis na década de 1920. A sua morte foi obra do progresso. Em 2001 uma réplica de suas colunas foi erguida longe do mar, mas no lugar exato de seu repouso.

Sobre as características arquitetônicas do Bar e Restaurante Miramar, (...) em sua decoração predominavam linhas ecléticas, elementos neoclássicos e insinuações em art-déco. O local foi um dos principais pontos de encontro da sociedade florianopolitana e destacou-se por estar localizado em uma região de fácil acesso aos habitantes da cidade. Por isso, era palco de eventos desportivos náuticos, sendo essa descrição pouco abrangente para dar conta da verdadeira importância sociocultural do edifício.

Em frente ao Miramar, encontrava-se a parada final dos ônibus que vinham dos bairros. De acordo com Lisabete Coradini: “Os primeiros ônibus começaram a circular a partir da década de 30, após a inauguração da Ponte Hercílio Luz. [...]. O ponto de chegada e de partida ficava na Praça XV”.

O senhor Mário Moura, o proprietário do estabelecimento, ganhou o direito de exploração do local em vinte anos. Apesar dos desencontros presentes nos registros municipais, a cidade de Florianópolis ganhou, com a construção do Miramar, um novo local para as reuniões sociais, continuando na memória dos habitantes que outrora viveram e se deliciaram com o lugar, tendo, sem dúvida, representado a ideia de modernização urbanística da capital.
 
 (*) Excertos do texto de Caroline Soares de Almeida na Revista Santa Catarina em História (UFSC, 2008).


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