Gestão de Resíduos (SMMA)

18/05/2015 - Serviços
Dia do Gari proporciona reflexões sobre consumo
Evento no Plenarinho da Assembleia discute hábitos e produção de resíduos sólidos

foto/divulgação: Yuri Santos/Agência AL

Marius Bagnati aborda consumo sustentável no evento Vida sem lixo - reflexões sobre o Dia do Gari

Matéria de Lisandrea Costa
Reprodução autorizada pela Agência AL


O Plenarinho da Assembleia Legislativa sediou, na manhã de sexta-feira (15), o evento “Vida sem lixo - reflexões sobre o Dia do Gari”, promovido pela Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap). Diversos convidados participaram de uma mesa de debates sobre a produção de resíduos sólidos, o cotidiano dos profissionais que recolhem os resíduos urbanos e consumo consciente.

 

O evento foi realizado em homenagem ao Dia do Gari, comemorado no sábado, 16 de maio. De acordo com o presidente da Comcap, Marius Bagnati, a companhia aproveitou a data para promover uma reflexão sobre a necessidade de reduzir a produção de lixo. “Em Florianópolis, cada pessoa produz mais de um quilo de resíduos por dia, isso precisa ser repensado.” A Capital catarinense tem um programa de coleta seletiva há 28 anos. No entanto, apenas 6,5% do volume gerado é separado e recolhido. “E isso é muito, comparado com outras capitais brasileiras, como São Paulo, onde o volume reciclado não chega a 2%”, comparou.


O trabalho do gari exige esforço físico e o enfrentamento de riscos, conforme destacou uma das 12 mulheres que atuam nessa profissão em Florianópolis, Rafaele Terezinha dos Santos, gari há sete anos. “Adoro o que faço, trabalho com prazer. O que complica o nosso dia a dia é o risco de se ferir com vidro quebrado, lata ou ataque de cachorros”, relatou.

 

O aumento da conscientização das pessoas sobre a reciclagem contribuiria para reduzir o trabalho dos garis, na opinião de Rafaele. Ivan Barbosa de Lima, gari há seis anos, destacou a satisfação de contribuir com a limpeza da cidade. “Depois que o caminhão passa e a rua fica limpa, dá prazer ver o resultado.”

 

Durante o evento foram expostas imagens produzidas pela estudante de Fotografia da Univali Ana Paula Alves Lima. Para produzir a mostra “Cidadão invisível – a invisibilidade do outro”, ela acompanhou o dia a dia dos trabalhadores e testemunhou as situações de risco que vivenciam e a alegria com que desempenham o trabalho. “Meu objetivo com esse trabalho é tornar o gari um cidadão visível, para que as pessoas vejam e pensem nessa pessoa que recolhe o vidro quebrado e se machuca”, disse.

 

O estudante italiano Marc Rossetto, intercambista, há dois meses acompanha o trabalho da Comcap e comparou os dois sistemas de gestão de resíduos sólidos, explicando que na Itália a legislação é muito mais antiga, o tratamento de resíduos é feito há mais de 30 anos e são empregadas tecnologias como biodigestores e incineradores. O índice de reciclagem chega a 80%. O país dá muito mais importância ao resíduo sólido como gerador de riqueza, conforme o italiano. Em relação aos trabalhadores, ele considera que os garis italianos são ainda mais invisíveis, pois trabalham à noite e não têm contato com a população, como acontece no Brasil.

 

Lixo zero


A designer Cristal Muniz, 23 anos, compartilhou a experiência de passar um ano sem produzir lixo. O projeto está em andamento e foi inspirado na americana Lauren Singer, que não produz lixo há dois anos. “Considero lixo tudo aquilo que não pode ser reciclado ou compostado”, esclareceu. Cristal disse que é possível reduzir o impacto ambiental e viver de uma maneira mais consciente, mesmo morando em uma cidade grande. Sua experiência pessoal é baseada no tripé “Reduza, Reutilize, Recicle”.

 

O projeto exige esforços como comprar somente as coisas necessárias, evitando o desperdício e o consumo de supérfluos, buscar produtos naturais e a granel, utilizar embalagens retornáveis e adquirir produtos de segunda mão. “Tudo tem um impacto na natureza, o produto mais verde é aquele que já existe, porque não vai gerar um novo impacto”, ensinou.

 

Por que 'gari'?

Pedro Aleixo Gary foi o francês que, ainda durante o Império, assinou o primeiro  contrato de limpeza urbana no Brasil, para limpar as ruas depois da passagem de cavalos. Os cariocas acostumaram-se  a chamar a “turma do gari” quando precisavam  de serviços de limpeza.

Em capitais como Rio ou São Paulo, são chamados garis todos os trabalhadores em limpeza urbana. Aqui, por costume e convenção, só os que operam a coleta de resíduos sólidos.

(Com informações da Assessoria de Comunicação da Comcap.)


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