Gestão de Resíduos (SMMA)

30/09/2016 - Comcap
Mais de 2 mil hortaliças na primeira colheita
No sistema da horta modelo no Parque Jardim Botânico de Florianópolis, rúcula e rabanete agora dão espaço às demais culturas

foto/divulgação: Adriana Baldissarelli

Marius Bagnati e Júlia Bett Meira na primeira colheita da horta modelo no Parque Jardim Botânico

Mais de 2 mil pés de rúcula e rabanete estão sendo colhidos na horta modelo do Parque Jardim Botânico de Florianópolis entre esta sexta e sábado. O presidente da Companhia Melhoramentos da Capital, Marius Bagnati, abriu a colheita com os participantes do mutirão realizado em 20 de agosto. Cada colaborador tem direito a uma porção de cinco pés de cada variedade e se houver excedente será distribuído aos visitantes do parque. 

 

Durante a colheita, Bagnati aventou a ideia de criar o Clube da Horta para atender à demanda da comunidade que cada família possa plantar aquilo que tem vontade.  “Cada família terá o seu canteiro, a Comcap fornecerá os insumos como cepilho e composto e a orientação técnica. A contrapartida é que a família separe seus resíduos orgânicos para compostar aqui no parque”, apontou.

 

Nesse novo espaço, provavelmente ao lado direito do parque, próximo ao pátio de valorização de resíduos, “as pessoas poderão acessar a qualquer momento, cuidar da plantação, acompanhar o crescimento e ter, ao final, como no dia de hoje, a felicidade de colher um produto sem agrotóxico, saudável e com gosto muito saboroso”.

 

Formalização do voluntariado


Semana que vem, estimou o presidente da Comcap, deverá ser formalizado o voluntariado do parque, com as duas primeiras adesões dos aposentados da Epagri Zenório Piana e Hugo Braga. Ambos atuam no movimento pró-Jardim Botânico há 20 anso. A partir daí, serão abertas inscrições para quem tenha interesse. Segundo ele, haverá oportunidade para todas as pessoas que tenham ideias e vontades compatíveis com o ambiente. “Estaremos aqui disponíveis para avaliar e ajudar na implantação de tudo que vier contribuir para o desenvolvimento do Parque Jardim Botânico. Buscamos o somatório de talentos para tornar esse parque ser cada vez melhor.”

 

Colheita na horta


“Tudo o que for colhido aqui, para ir à mesa, é limpo, puro, sem agrotóxicos”, informou Bagnati. A base dos canteiros é formada por cepilho (resultado da trituração das podas urbanas) e composto produzido pela Comcap com resíduos orgânicos separados e entregues por grandes geradores, como restaurantes. O composto é certificado pela Ufsc, com garantia de não comprometimento por metal pesado.

 

O propósito da Comcap, no programa de agricultura urbana liderado pela Secretaria da Saúde, é estimular as pessoas a separar os restos de comida, encaminhando-os para a compostagem, para que o composto se transforme depois em horta na residência ou na comunidade. Com isso, a cidade passa a tratar os resíduos no local onde são produzidos, reduzindo os custos com transporte e aterramento. “ A cidade ganha pelo menos duas vezes: ao diminuir o custo público na destinação dos resíduos e ao aumentar a receita familiar com a produção própria de alimentos saudáveis. ”Cada maço de rúcula, por exemplo, pode custar até R$ 7 no supermercado”, comparou.

 

Primeira horta pública agroflorestal do Brasil

O modelo do Parque Jardim Botânico de Florianópolis é a primeira horta pública dentro da técnica de agrofloresta no Brasil.

 

Elaine Vargas Guimarães e Sérgio Machado Araújo, do Sítio Florbela, no Sertão do Peri, deram suporte à implantação da horta do Parque Jardim Botânico e garantem que o sistema sintrópico e consorciado é altamente rentável em qualquer escala. Em dois ou três meses, a produção paga todo o investimento, inclusive mão de obra, mudas, adubo e material utilizado para corrigir o solo, relacionou Serginho. “A partir do segundo ou terceiro mês é só lucro para o agricultor”, confirmou.

 

Mesmo para pequenas hortas, ele recomendou o sistema. A principal vantagem é o aproveitamento do canteiro, que chega a 300%, pelo consórcio e sucessão de plantas. Quando a rúcula e o rabanete saem de cena, abrem espaço para o alface. A colheita do alface abrirá espaço para o brócolis, couve, tomate e assim sucessivamente. Num estágio mais avançado, de três ou quatro anos, além da hortaliça, haverão as frutíferas também.

 

Autossuficiente como a floresta

O objetivo das árvores plantadas no sistema sintrópico é que, quando forem podadas, incorporarão mais matéria verde ao solo.  “O conceito é de horta em sistema fechado, que o espaço seja autossuficiente como uma floresta. Todo material de poda que se faz nos canteiros, retorna para o sistema e vai criando solo e mais vida”, explicou Sérgio Araújo.

 

Essa maneira de plantar, contou orgulhoso, começou no Brasil. Agora que ganhou visibilidade, vai ajudar a resolver problemas ecológicos muito sérios, na produção de alimentos e na recuperação dos solos.

 

Qualquer um pode plantar

O assessor técnico Zenilto Custódio da Silva, responsável pelo programa de suporte às hortas na Comcap, organizou a colheita com base na planilha do mutirão, quando foram cadastrados 167 voluntários. Hoje, os voluntários listados naquela ocasião pela assistente social da Secretaria de Obras, Cida Napoleão, compõem um grupo em aplicativo de mensagens instantâneas e acompanham o desenvolvimento da horta.

 

No mutirão, relembrou Zenilto, foram plantadas 1.244 mudas de rúcula e 1.244 mudas de rabanete e a perda deverá ser, no máximo, de 10%. Depois colher das duas primeiras variedades, será colhido o alface e, na sequência, as demais hortaliças, como beterraba, agrião, couve e couve-flor. Após a colheita do alface, informou Zenilto, será marcado o replantio. “Nesse momento, vamos tirar a rúcula e o rabanete para deixar que as outras culturas cresçam.”

 

O custo de implantação da horta foi em torno de R$ 1,2 mil. “O consórcio permite que em pouco espaço e tempo se colha muitas plantas. Pode se conseguir uma colheita a cada 15 ou 20 dias de hortaliças diferentes”, animou-se. Ele mantém em casa uma horta de 18 metros quadrados onde plantou 250 mudas de alface e mais 350 a 400 mudas de outras espécies.

 

Também deu suporte ao plantio em terrenos arenosos e argilosos em centros de saúde, escolas e comunidades. “Em qualquer lugar se consegue plantar e colher. Basta usar um pouco de técnica de plantio, um pouco de amor e a vontade de plantar. Qualquer pessoa pode aprender, é fácil, estamos dispostos a ajudar”, disse, em referência não só à Comcap, mas ao movimento de agricultura urbana com as secretarias municipais de Saúde e Educação e as associações comunitárias.

 

PRIMEIRA A PLANTAR

“Quero ser a primeira a plantar cenoura, porque eu adoro, a minha mãe disse que faz bem para os olhos. Eu uso óculos, então é para melhorar mais. Até lá, eu posso comer alface. Eu plantei aqui nesse canteiro, mas achava que ia demorar um pouco, tipo um calendário todo. Estou surpresa que essas plantas cresceram muito.”

 

  • Júlia Bett Meira filha de Crislei Bett. Moram em frente ao parque e não podiam imaginar que a horta ficaria tão bonita rapidamente. Júlia se entusiamou com a beleza da alface roxa, sua cor preferida, mas sentiu falta de poder colher cenouras.

 

 

EM CASA

“Sou auxiliar operacional e comecei aqui na roçagem, mas foi surgindo demanda e comecei a ajudar. As coisas foram surgindo, no improviso, com os recursos que iam aparecendo. Sempre trabalhei na lavoura, então aqui no parque estou em casa.”

 

  • Ednei Nunes Fortunato, Índio, auxiliar operacional da Comcap há oito anos. É de Francisco Beltrão, no Paraná, e está há 14 anos em Florianópolis. Uma de suas contribuições foi pavimentar áreas de ligação com roletes de madeira.

 

 

ALIMENTAÇÃO MELHOR

“Na verdade, é uma iniciativa para que ela tenha uma alimentação melhor. A gente tenta. Ela come brócolis, cenoura desde pequena, mas rabanete ainda não. Até para ela ter mais contato com a natureza e aprender a valorizar o alimento, saber de onde vem, o cuidado e o trabalho que se tem para plantar. Isso ultrapassa o valor econômico de de fato têm os produtos orgânicos. É mais pela interação, dela poder vir aqui, estar comigo e participar, sair dos eletrônicos, da tevê. Isso é um ganho maior do que o econômico.”

 

  • Ana Cláudia Januário, professora e servidora pública federal da Ufsc, mãe de Maria Tereza Januário Silveira

 

 

APRENDIZADO

“A horta está superlinda, bem cuidada. Ainda mais que não tem agrotóxico, é pura, só na terra. Com cepilho da Comcap. Nunca tinha visto horta em consórcio, vou começar a plantar assim em casa também. Tenho um pomar com 40 pés de laranjas, na Gamboa, e caem muitas folhas, então vou começar a usar esse material nos canteiros, para plantar verde.”

 

  • Volnei Nascimento Pereira, trabalha há 23 anos na Comcap e tem ficado de olho na horta

 

 

GOSTO PELA TERRA

“Cresci plantando com minha mãe em hortinha no fundo do quintal de casa. Sou mineira, gosto de plantar e colher, é saúde, terapia, gosto bastante. Vim no mutirão, aí recebi a informação da colheita no grupo do WhatsApp e vim colher. Eu amo horta, vou continuar sendo voluntária. No meu condomínio, foi criado um espaço, mas acho que o sol é pouco e a hortinha não vai para frente. Essa horta está linda, eu gosto mais de rúcula, meu marido gosta de rabanete. Vou colher os dois.”

 

  • Renata Maria de Queiroz Mibielli

 

 

PRIMEIRA VEZ

“Essa é a primeira vez que colhi uma hortaliça.”

 

  • Gabriel de Oliveira, sete anos, que ainda estava pensando se comeria o rabanete.

 

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