27/05/2014 - RESIDUOS - Meio Ambiente
Klaus Fricke debate políticas sobre resíduos
Tecnologias sustentáveis e biogás foram temas de palestras no primeiro dia do 2º Congresso Técnico Brasil Alemanha

foto/divulgação: Solon Soares/Alesc/Divulgação

Klaus Fricke

Palestrantes do Brasil e da Alemanha debataram na tarde desta terça-feira (27) temas relacionados a tecnologias sustentáveis usadas na Alemanha e políticas voltadas para resíduos sólidos como a transformação de matérias orgânicas em biocombustíveis e em energia elétrica.

 

O professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Paulo Belli mostrou um panorama das tecnologias já aplicadas na agroindústria catarinense. Para Belli, o principal desafio está vinculado à redução de consumo e ao uso eficaz da água. Uma das formas de reduzir em até 20% o consumo é a instalação de dispositivos de controle nas criações de animais, medida que mitigaria a escassez d’água no Oeste de Santa Catarina, por exemplo. Belli apontou há em Santa Catarina potencial de captura e aproveitamento de 3 milhões de metros cúbicos por dia de gás metano.

 

Carlo Vendrix, gerente de contratos no setor de tecnologias de meio ambiente da Kuttner do Brasil, ressaltou que é possível usar 90% do material orgânico presente nos resíduos domiciliares e que, atualmente, é destinado aos aterros sanitários. Do total de resíduos, até 60% dos resíduos orgânicos servem à produção de Gás Natural Veicular (GNV), energia e fertilizantes, e o restante, os materiais secos, são destinados à reciclagem, No Brasil, porém, as empresas ainda precisam pagar para adquirir este material, ressalvou.  Vendriz destacou o processo de biometanização, que consiste em fermentar a matéria orgânica, de forma anaeróbia, para a formação do biogás.

 

Heinrich Schneider, diretor da Ressource Abfall, destacou que, para obter eficiência na aplicação de tecnologias, é necessário que haja trabalho em equipe, capacitação e participação efetiva. Na hora de se fazer um planejamento sobre qual projeto aplicar, em Florianópolis, por exemplo, não se pode pensar em apenas um tipo de resíduo, seco ou úmido, pois estes materiais se modificam com o passar dos anos nas regiões. Há necessidade de se pensar nos riscos, no controle dos fornecedores e em cuidados essenciais na hora de realizar o planejamento.

 

Dois representantes da empresa Bomag, David e Samir, falaram sobre a experiência da instituição na compactação de resíduos nos aterros. Este trabalho reduz o volume dos materiais e, consequentemente, aumenta a vida útil dos mesmos. Modelos de equipamentos utilizados foram apresentados aos presentes, destacando que a iniciativa reduz também as pragas, proporciona a produção de energia, além de reduzir os riscos de incêndio.

 

O aproveitamento energético do biogás, as formas de purificação e as tecnologias destinadas a redução de CO2 foram temas da palestra de Sabine Robra, do Witzenhausen-Institut für Abfall, Umwelt und Energie GmbH. Dentre as tecnologias usadas para reduzir o CO2, ela relatou a lavagem com água sobre pressão, a lavagem química (aminas), a absorção com modulação de pressão, a lavagem física e a separação por membranas. Destacou, por fim, que este gás precisa de um pós-tratamento, pois se cai na atmosfera possui uma ação potente de efeito estufa.

 

Ao final do primeiro dia de evento, Klaus Fricke, da TU Braunschweig, voltou a falar sobre a recuperação energética de resíduos sólidos urbanos (RSU) na geração de combustíveis derivados destes resíduos (chamados CDR). Ele destacou que em todos os processos sobram rejeitos, por isso também é necessário avaliar formas de aproveitamento deste material. Os elementos presentes no lixo doméstico são apropriados para a produção de gás e combustível.

 

A Prefeitura e a Comcap promovem e realização o congresso que ocorre pela segunda vez no País.

 

(Texto de Mariana Eli, em colaboração da Assessoria de Comunicação da Setur, comandada por Ana Carolina Bossle.)