A fachada da sede da Companhia Melhoramentos da Capital ganhou nesta sexta-feira a marca Comcap feita em mosaico pelo gari Sátiro dos Santos. Atendendo a pedido do presidente Carlão Martins, Sátiro produziu a obra em troca de horas de trabalho.
O gari da coleta seletiva é mosaicista e artista plástico reconhecido, instrutor de oficinas de reciclagem na Escola Básica Adotiva Liberato Valentim, em Florianópolis. Mais novo de 33 irmãos, Sátiro conta que nasceu muito pequeno e sempre contou com atenção especialíssima de seu pai. Herdou inclusive o nome Sátiro. Até hoje, quando a “predileção” é tema das conversas familiares, diante dos irmãos robustos, Sátiro lembra que seu pai explicou que “já tinha muitos homens grandes na família e que ele viera para ser um grande homem”.
Sátiro, ou Tio Baleia, é assim: hábil com as mãos e as palavras. “Aos nove anos tive de bater na porta da casa de alguém, com fome, para pedir um pedaço de pão. Isso me capacitou a me relacionar com qualquer tipo de pessoa. Do morro ao juiz, é a mesma abordagem”, conta. Mesmo quando a língua é estrangeira, Sátiro dá jeito de estabelecer uma comunicação de qualidade.
Ano passado, na inauguração da pista de skate da Costeira, o trabalho de Sátiro impressionou o vice-presidente da Vans, Steve Van Doren, que o convidou a customizar dois tênis para a marca. De lá pra cá, ele participou de comissão julgadora em evento da Vans em São Paulo.
Tio Baleia
No Dia do Trabalhador, também no ano passado, Sátiro recebeu homenagem da Secretaria Municipal de Educação, na prefeitura, pela sua história de vida inspiradora. Ofereceu a homenagem à sua filha Simone, de 32 anos, que aniversaria em 1º de maio. Sátiro, a propósito, é casado há 32 anos com Rose Nascimento dos Santos com quem tem cinco filhos e cinco netos.
No dia 15 de agosto de 2016, Sátiro recebeu a Medalha Joana de Gusmão por serviços voluntários prestados ao município.
Em paralelo às essas novidades todas, Sátiro se mantém gari da coleta seletiva. Orgulha de ser dos primeiros a entrar nos galpões de triagem e de hoje contar com a parceria desses trabalhadores para recuperar materiais que serão transformados em arte.
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