19/08/2019 - SMS - Saúde
Capital catarinense já registra 10 casos de sarampo
De rápido contágio - 8 deles foram confirmados em menos de 30 dias - a vacinação é a única maneira de conter a doença.

foto/divulgação: Getty Images

Capital catarinense já registra 10 casos de sarampo

No final de julho a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis divulgou um boletim epidemiológico alertando para dois casos de sarampo confirmados naquele mês. Em pouco mais de 3 semanas, 8 novos casos do sarampo já foram confirmados na capital catarinense. Destes, 4 foram contraídos dentro de Florianópolis, comprovando que o vírus é rápido e que já circula por aqui.

 

Os primeiros sintomas do sarampo podem aparecer de 1 a 3 semanas após o contato com o vírus. Dessa forma, uma pessoa com sarampo pode transmitir a doença antes mesmo de saber, ou sentir, que está doente, já que a contaminação começa 6 dias antes do indivíduo apresentar manchas na pele e segue até 4 ou 5 dias após esse sintoma. Para se ter uma ideia real da velocidade com que o vírus do sarampo se espalha, especialistas em infectologia afirmam que podemos pensar que um indivíduo com sarampo tem o poder de contaminação 4 vezes superior ao de um indivíduo com o vírus da gripe; contaminando, assim, cerca de 20 pessoas ao seu redor. Unido a esse extremo poder de contaminação o fato do indivíduo já estar transmitindo o vírus antes mesmo que se sinta doente, temos o que vemos hoje: o rápido avanço da doença, que há anos julgávamos erradicada do país.

 

-Você já imaginou como pode ser rápido para esse vírus se espalhar em ambientes aglomerados como festas, shows, transporte público, voos e tantos outros locais que fazem parte do nosso dia a dia? Por esse motivo a imunização é a única forma eficaz para barrar o vírus e evitar um surto por aqui também, afirma Ana Cristina Vidor, especialista em epidemiologia, médica e gerente de Vigilância Epidemiológica de Florianópolis.

 

Recentemente, a Vigilância em Saúde da capital pediu a ajuda da população para localizar passageiros de um voo oriundo de Guarulhos, que desembarcou em Florianópolis trazendo um passageiro que já estava com o vírus do sarampo, mas ainda não apresentava os sintomas da doença. “Nestes casos é fundamental que tenhamos acesso a todos os demais passageiros para realizarmos as medidas de bloqueio do vírus o quanto antes”, explica a especialista.

 

Primeiros casos de transmissão dentro de Florianópolis


Até a última sexta-feira (16), Florianópolis ainda não havia confirmado nenhum caso contraído dentro da cidade. Mas agora o cenário já é diferente:

 

-Hoje temos 6 casos confirmados importados confirmados na capital catarinense, e 4 secundários – significa que contraíram em Florianópolis, a partir do contato com casos importados, explica Ana Cristina Vidor.  

 

“As vacinas contra o sarampo, assim como a da febre amarela, doença que já se aproxima e devemos nos preocupar com medidas preventivas, estão disponíveis para a imunização da população em todas as nossas salas de vacinação, localizadas nos centros de saúde municipais, e abertas durante todo o período de funcionamento do CS. É extremamente importante que a população verifique sua carteirinha de vacinação e compareça ao Centro de Saúde, que lhe for mais conveniente, para evitar que a doença se espalhe na nossa cidade”, reforça Carlos Alberto Justo da Silva, Secretário de Saúde de Florianópolis.

 

A epidemia de sarampo é um fenômeno global

 

Em 2017, a doença matou 111.000 pessoas em todo o mundo, 30% mais casos que o registrado no ano anterior, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

O Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, vinha de um histórico de não registrar casos autóctones (adquiridos dentro do país) desde o ano 2000 - entre 2013 e 2015, ocorreram dois surtos, um no Ceará e outro em Pernambuco, a partir de casos importados. Mas foi em 2018 que a doença reapareceu na região Norte, nos Estados do Amazonas, Roraima e Pará, trazida pelos venezuelanos que fugiam da crise. Ainda segundo o MS, os vírus que atingiram São Paulo, este ano, vieram com pessoas que foram infectadas na Noruega, em Malta e em Israel.

 

Desde a primeira semana de 2019, o Brasil registrou 1.388 casos confirmados de sarampo, sendo que 1.322 deles (95,2%) ocorreram no Rio de Janeiro, em São Paulo (local de maior incidência da doença, com 1.220 casos confirmados até a primeira semana de agosto), na Bahia e no Paraná, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados na primeira quinzena de agosto.  Hoje, de acordo com a OMS, o Brasil já é o 2º em números de casos nas Américas.

 

Fake news e o verdadeiro inimigo


Especialistas da Vigilância Epidemiológica de Florianópolis alertam para os perigos das fake news contendo informações falsas sobre a vacina e amplamente compartilhadas pelas redes sociais.

 

- Esse tipo de compartilhamento irresponsável gera receios em uma parcela da população e reforça ideias equivocadas, sem nenhum embasamento real. A vacina do sarampo, bem como todas as vacinas que fazem parte do calendário mundial de vacinação, é aliada à saúde da população e apresenta-se como a única forma realmente eficaz para conter o avanço de doenças altamente perigosas como sarampo, febre amarela, entre outras, reforça Ana Vidor.

 

Para a médica epidemiologista, além de negligência e irresponsabilidade social, difundir fake news, recusar a vacina ou não vacinar seus filhos é um grande perigo não apenas para a pessoa que faz isso, ou para a própria família, mas também para toda a comunidade, pois coloca em risco a saúde de todos que convivem de forma direta e indireta com esse indivíduo.

 

O que é o sarampo e quais os primeiros sintomas?


O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, altamente contagiosa e que pode ser contraída por pessoas de qualquer idade. Sua transmissão se dá de forma direta, de pessoa a pessoa, por meio das secreções expelidas pelo doente ao tossir, espirrar, respirar e falar.

 

Os primeiros sintomas são febre alta, acima de 38,5°, com duração de quatro a sete dias, e manchas avermelhadas na pele (exantema maculopapular) - começam no rosto e atrás das orelhas, e depois, se espalham pelo corpo.

 

Geralmente, aparecem entre 10 e 12 dias após o contato com o vírus e podem vir acompanhados de tosse persistente, irritação ocular, coriza e congestão nasal.

 

A vacina deve ser tomada 15 dias antes de viajar para áreas de risco, pois o tempo de incubação é de duas semanas, o que significa que podem passar duas semanas entre se vacinar e criar anticorpos. O mesmo tempo pode levar entre o contato com o sarampo e os primeiros sinais da doença.

 

Quem deve se vacinar?


Todo mundo que nunca tomou a vacina e todos aqueles que não têm certeza se já tomaram deve procurar um posto de saúde municipal e receber a vacina de forma gratuita.

 

Pelo Calendário Nacional de Vacinação, a tríplice viral, que ainda protege contra caxumba e rubéola, deve ser administrada aos 12 meses de vida, e a tetra viral - acrescenta varicela (catapora) à lista de doenças combatidas - aos 15 meses.

 

Pessoas de 10 a 29 anos, que não tomaram a vacina quando crianças precisam receber duas doses da tríplice viral. Muitos jovens dessa faixa etária nasceram em uma época em que a segunda dose não fazia parte do Calendário Nacional de Vacinação. Assim, é importante verificar a carteirinha de vacinação e, na dúvida, receber a segunda dose da vacina ou as 2 doses.

 

Na faixa etária de 30 a 49 anos, a dose é única.

 

Quem não deve tomar a vacina?


Pessoas com alergia grave ao ovo, pacientes em tratamento com quimioterapia, gestantes, portadores de imunodeficiências congênitas ou adquiridas, quem faz uso de corticoide em doses altas, transplantados de medula óssea e bebês com menos de seis meses de idade.


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