11/11/2010 - SME - Educação
Artista de 91 anos é entrevistada por alunos de Escola Pública
Maria Celeste falou de suas obras e de sua vida na Ilha de Florianópolis

foto/divulgação: Hemilin Alves

Maria Celeste possui uma carreira marcada por exposições coletivas e individuais no Brasil e exterior

 

Maria Celeste Neves tem o título de a “artista que pinta com as agulhas”. As mãos trêmulas – fruto dos 91 anos de idade – não são uma barreira para que Maria Celeste desenvolva trabalhos manuais. As rendas e bordados criados por ela deram inspiração para o escritor Dennis Radünz produzir um livro com as principais obras da artista plástica, chamado "Fábulas de Linha e Agulha: artes de Maria Celeste"

 

Os quadros de Maria Celeste levaram três professoras da Escola Básica Municipal Intendente Aricomedes da Silva, ligada à Secretaria de Educação da Capital, a criar um evento que faz parte do projeto Tecendo Saberes uma estratégia pedagógica diferente para ensinar ao mesmo tempo à criançada da sexta série Língua Portuguesa, Matemática e Geografia. 

 

Depois de estudarem a biografia de Maria Celeste e analisarem durante um mês os seus trabalhos, os alunos da professora de português, Ana Kelly Borba da Silva Brustolin, tiveram a oportunidade de entrevistar a artista plástica. A iniciativa foi realizada hoje (11) pela manhã na unidade educativa, localizada na Cachoeira do Bom Jesus.

 

Entre as perguntas elaboradas pelos alunos, que mostraram entusiasmo durante toda a entrevista, estavam questões sobre a vida pessoal de Maria Celeste e também como ela produz suas obras depois que se descobriu artista, aos 64 anos.

 

Na parte de Geografia, comandada pela professora Maria Luiza Westphal, a criançada foi incentivada a pesquisar o povoamento e a contribuição dos imigrantes açorianos na construção da cultura catarinense.  Na disciplina de Matemática, da professora Flaviana Cristina Meneguele,  os alunos trabalharam com escolas, dimensionalidade, medidas de superfície, bem como conceitos de ampliação e redução, entre outros itens. Isso foi necessário para a produção de um painel a respeito de obras de Maria Celeste.

 

Lições de casa

 

Filha do ex-prefeito João Pedro de Oliveira Carvalho, Maria Celeste teve como padrinho de batismo o ex-governador Hercílio Luz. A memória prodigiosa permite lembrar com clareza de episódios da infância, como a morte de Hercílio, quando ela tinha cinco anos, e a inauguração da ponte cujo nome homenageia o padrinho, dois anos depois.

 

As primeiras lições de bordado foram dadas pela mãe. Depois Maria Celeste se aperfeiçoou na escola, onde a atividade era obrigatória para moças "casadoiras". "Lá em casa havia a hora em que todas nós tínhamos que bordar", relembra. Como não havia azulejos, o recurso preferido para decoração das cozinhas era a instalação de grandes painéis em cima do fogão e da pia. Isso sem falar nas toalhas de mesa, nos bicos de prateleiras, na tarefa de remendar meias e na divertida brincadeira de fazer roupas para bonecas.

Os quadros de Maria Celeste retratam rendeiras, benzedeiras, a festa do Divino do Espírito Santo, as procissões de Nosso Senhor dos Passos, Corpus Christi e de Nossa Senhora dos Navegantes.

A artista plástica possui uma carreira marcada por exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior, tendo duas de suas obras no Museu Internacional de Arte Naïf (MIAM).

 


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