Conselho Municipal de Política Cultural de Florianópolis
O salão da Casa das Máquinas, na Lagoa da Conceição, ficou pequeno para o público que compareceu ao lançamento do Fundo Municipal de Cultura e do Centro de Referência da Renda de Bilro de Florianópolis, na noite de quinta-feira (31/03). O evento foi marcado também por homenagens aos pesquisadores Gelci José Coelho (Peninha) e Doralécio Soares – representado pela esposa Olívia Pereira. Eles receberam da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC) uma placa em reconhecimento à contribuição dada à cultura popular.
No evento o prefeito Dário Berger assinou a ordem de serviço contratando a execução do projeto de restauro do prédio que vai abrigar o centro de referência – Casarão das Rendeiras – e o decreto de transferência de recursos para o Fundo Municipal de Cultura de Florianópolis (FMCF).
A solenidade contou com a presença de representantes da classe política estadual e municipal, e principalmente de artistas, rendeiras e produtores culturais, que reconheceram o avanço que essas medidas representam em relação às políticas públicas para a cultura no município. “No mês em que Florianópolis comemora 285 anos estamos construindo uma nova história para a cidade. Cumpro uma responsabilidade assumida com o setor cultural”, disse Dário Berger, recebendo os aplausos da plateia.
Incentivo à produção cultural
Com o aporte de R$ 1,2 milhão no Fundo Municipal de Cultura de Florianópolis (FMCF), a capital catarinense passa a ter o maior volume de recursos no estado para financiamento direto de projetos culturais, e também entra para o seleto grupo de cidades brasileiras que têm esse mecanismo – lista que abrange apenas 5% dos 5.564 municípios do Brasil, segundo dados do Ministério da Cultura (MinC).
“Conseguimos institucionalizar o Sistema de Cultura do município e estamos muito felizes por esse momento tão especial. Agora precisamos lançar os editais para começar a dinamizar Florianópolis, pois é na cidade que a produção cultural acontece”, destacou o superintendente da Fundação Franklin Cascaes, Rodolfo Joaquim Pinto da Luz.
Criado pela Lei nº 8.478/2010, composto por receitas do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), o FMCF vai financiar projetos culturais nas áreas de Artes visuais, artesanato, circo, cultura digital, cultura popular, dança, folclore, leitura, literatura, música, ópera, patrimônio histórico arquitetônico, pesquisa em arte e cultura, radiodifusão, e ações transversais. Serão contemplados intercâmbios de artistas-residentes, bolsas de pesquisa e outros programas federais de fomento, além de produção, formação e circulação de projetos.
A seleção pública dos projetos será realizada pelo Edital de Apoio às Culturas, que é a principal ferramenta de financiamento. As diretrizes do fundo serão debatidas e definidas anualmente em comum acordo com o Conselho Municipal de Política Cultural e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, que é a responsável pelo gerenciamento dos recursos.
Em sua fala, o escritor Péricles Prade, presidente da Academia Catarinense de Letras, elogiou as iniciativas capitaneadas pela Fundação Franklin Cascaes que, segundo ele, revelam um olhar atento para o passado e para o futuro. “Estamos participando de um evento cultural histórico, pois se não houver ação, a cultura será apenas um conceito de natureza abstrata. Temos que ter a visão de uma cultura contemporânea, mas também precisamos fincar os pés em nossas raízes”, ressaltou Prade.
Tradição preservada
O Centro de Referência da Renda de Bilro de Florianópolis vai funcionar junto ao Centro Cultural Bento Silvério, sob administração da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), em parceria com o Ministério da Cultura e Casa dos Açores Ilha de Santa Catarina.
O "Casarão das Rendeiras" conta com uma sala de exposição e biblioteca de referência. Terá ainda loja e centro museográfico, com acervo de fotos, vídeos, folhetos e livros, entre outros materiais de registro desse artesanato. No local serão realizadas oficinas envolvendo as rendeiras para o repasse de saberes tradicionais e para gestão do próprio negócio por meio de cooperativa visando à valorização no mercado consumidor.
A iniciativa integra o Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart), que está sendo implantado de forma piloto em 65 polos no Brasil. O Promoart é realizado em nível nacional pela Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec), por meio de convênio com o MinC. O programa conta com gestão conceitual e metodológica do Centro Nacional do Folclore e Cultura Popular/Departamento de Patrimônio Imaterial/IPHAN e parceria institucional do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A proposta é incentivar a preservação da produção artesanal da renda de bilro, investindo em estratégias para evitar que essa tradição cultural desapareça. “Hoje é um dia para comemorarmos e também para pensarmos um pouco sobre a importância de valorizar a cultura popular. Cabe agora ao poder público levar adiante essa proposta”, disse a gestora do Promoart, Wilmara Figueiredo, representando o Ministério da Cultura.
