Secretaria Municipal de Educação

14/10/2015 - Educação
Professor embala as aulas ao som de rock e rap
Gilberto Borges, integrante da banda O Carona, compartilha com os alunos o amor pela profissão

foto/divulgação: Gabriel Valentim

A diversidade está enraizada no trabalho que desenvolve com os estudantes, sempre explorando outras atividades artísticas.

O estilo rockeiro de Gilberto André Borges não deixa evidente que a primeira música que aprendeu no violão quando criança foi Menino da Porteira, música sertaneja de raiz. O pai, Pedro Borges, foi quem o ensinou a dedilhar os acordes, mas os familiares foram os maiores incentivadores, principalmente o tio Anildo Rauck, saxofonista.

 

“Não sei quando me apaixonei pela música. Acho que desde que nasci. Como não havia internet, a gente aprendia junto, com alguém que soubesse alguma coisa.”

 

Mas naquela época ninguém diria que os momentos praticando e estudando música o levariam até as salas de aula da rede municipal de ensino de Florianópolis, onde trabalha há 15 anos. Gilblack, como é apelidado pelos amigos devido às roupas escuras que veste, é professor de música e um apreciador de bandas, como Kiss, Camisa de Vênus, Blitz, Michael Jackson e Raul Seixas.

 

A vida de artista começou cedo, em 1987, lá pelos 14 anos, quando cursava o 2º grau noturno em uma escola estadual de Caxias do Sul, cidade do Rio Grande do Sul. Nesse período, Gilberto foi integrante da banda Detrito Urbano como baixista. Seguindo a linha do punk rock, o grupo ficou junto durante quatro anos.

 

Durante o dia, o adolescente trabalhava em uma madeireira, à noite frequentava as aulas e nos finais de semana tocava com a banda em diversos pontos da cidade.

 

“Cresci na periferia de uma cidade industrial. A única coisa que um adolescente poderia fazer em um lugar assim nos anos 1980 era tocar em uma banda de rock.”

 

Paixão pela música


Os testes vocacionais que fez nos tempos do ensino médio apontavam o caminho a ser traçado pelo professor-artista. Para Gilberto, a música transforma o indivíduo, as pessoas não são mais as mesmas.

 

“É difícil me imaginar em outra profissão. Cheguei a cursar administração de empresas, mas se eu houvesse continuado nesta carreira, não estaria satisfeito”.

 

Melodia no ensino

 

Trabalhando com alunos da educação infantil, fundamental e da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA), Gilberto tenta manter o estilo descolado para atrair o interesse da garotada pela música. Ele prefere sugerir atividades onde a prática é realizada em grupo, dando liberdade para que cada um toque o que sabe. Tanto que em 2005 produziu o CD demo, uma demonstração do trabalho, de um grupo de rap formado pelos alunos da EJA -Ingleses, chamado Filosofia Moral.

 

Gilberto comenta que todo o conhecimento ministrado nas aulas é transmitido de maneira a que os alunos levem adiante o aprendizado da música.

 

Na rede municipal de ensino, coordenou o projeto Nossa Rede Encanta, entre 2006 e 2009, que proporcionou atividades artísticas, como dança, música, teatro e artes visuais nas unidades de ensino fundamental durante o contraturno. Mais de dez mil alunos participaram dessa proposta.

 

“Foi um momento de crescimento profissional e pessoal que transformou completamente minha maneira de ver a inserção das artes na escola”, avaliou.

 

A diversidade está enraizada no trabalho que desenvolve com os estudantes, sempre explorando outras atividades artísticas. Além dos instrumentos musicais, já realizou trabalhos com uma série de desenhos animados usando a técnica de Slow Motion, com softwares livres e aparelhos celulares.

 

Atualmente, ministra aulas na Escola Básica Municipal João Alfredo Rohr e na Vitor Miguel de Souza, mas já foi diretor da Escola Mâncio Costa e coordenador da área de Artes da Diretoria do Ensino Fundamental, DEF, onde criou diversos projetos, a exemplo do I Encontro de Boi-de-Mamão da rede. Também foi um dos idealizadores da Banda de Música da Escola Básica Municipal Maria Conceição Nunes, no Rio Vermelho.

 

Para ele, o som e os instrumentos musicais são relevantes ferramentas para a educação. “A música é uma arte importante por humanizar as pessoas, ela nos devolve um olhar sensível para a vida”.

 

Outra realização foi fazer parte do Projeto Coral. Nesse trabalho, a intenção era buscar proporcionar espaços para que cada professor se apresentasse com os seus alunos pela cidade.

 

Em 2001, o músico regeu mais de 300 alunos da rede de ensino em uma apresentação na avenida Beira-mar Norte. Todos faziam parte desse projeto.

 

Da cidade industrial para a Ilha da Magia


Em 1993, após abandonar o curso de Administração de Empresas que cursava na Universidade de Caxias do Sul (UCS), Gilblack se mudou para Florianópolis. Morou com uma companheira na época, mãe da Amanda, de 11 anos, única filha do músico. Na região, tocou em lugares como Samba e Mar, mas também nas ruas e calçadas da cidade. Para o professor, na época, havia uma grande efervescência cultural.

 

Por gostar tanto da música e artes, o rockeiro ingressou na Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) em 1998, no curso de Educação Artística com Habilitação em Música. Enquanto estava na faculdade, tocou com a banda Leão da Tribo em várias cidades do Estado; a banda chegou a fazer a abertura de um show do LS Jack, em Florianópolis.

 

Banda O Carona


Gilberto é integrante da banda O Carona há 14 anos. O conjunto começou com um encontro de amigos da faculdade que também eram músicos. A formação da banda conta com quatro fundadores do grupo: Jonathan Pamplona (vocal e violão), Renato Henrique (guitarra) e Rodson Henrique (bateria).

 

E para as pessoas que possuem esse sonho musical, o professor, músico e rockeiro manda um recado:

 

“Em primeiro lugar, é preciso amar essa arte. Em segundo lugar, ser uma pessoa informada e antenada no mundo e nas questões da nossa época. Praticar, estudar o instrumento e também buscar entender a música teoricamente é fundamental”


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