Secretaria Municipal de Educação

05/10/2016 - Educação
Alunos com deficiência exibem teatro de sombras
Grupo mostra potencial, inteligência e criatividade na Escola João Gonçalves Pinheiro

foto/divulgação: SME

Professora Elaine (de camiseta azul agachada) e alunos

Um rio que queria conhecer o mar. Ao resolver partir em busca de seu objetivo, encontrou obstáculos pelo caminho, precisou de uma boa dose de coragem para mudar. Ao final, quando já estava no mar, descobriu que era um ser em transformação.

 

A história 'A Lenda das Areias' virou peça teatral para que alunos com deficiência e com baixo rendimento escolar do estabelecimento municipal de ensino João Gonçalves Pinheiro, no Rio Tavares, mostrem o potencial criativo deles. A ideia foi da professora de Ciências da unidade, Elaine Seiffert, que desenvolve na UFSC, sobre inclusão, um Trabalho de Conclusão de Curso de pós-graduação em Gênero e Diversidade. Para a encenação, ela conta com o apoio da colega, da área de Artes Cênicas, Julia Fernandes Lacerda.

 

O teatro de sombras é uma arte antiga chinesa que consiste na manipulação de bonecos de varas, entre uma luz e uma tela. O que faz com que o público veja apenas a sombra dos bonecos.

 

O grupo de escola é composto por nove estudantes. Eles estão distribuídos entre o 3º, 4º, 5º, 7º, 8º e 9º ano. Há estudantes com deficiência intelectual, paralisia cerebral, surdez e baixo rendimento escolar.

 

A escolha do teatro de sombra se deu pelo encantamento que este tipo de dramatização produz ao aguçar a imaginação do expectador. Também foi fator determinante para a escolha deste tipo de teatro as possibilidades de interação e aprendizagem que esta prática permite, relata Elaine Seifert.

 

'A Lenda das Areias' é um texto extraído do livro 'Acordais: fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias', de Regina Machado, lançado em 2004. Durante o processo de construção do teatro de sombras a professora Julia Fernandes adaptou o texto para que ficasse mais fácil o encaixe da leitura às cenas apresentadas.

'Elas são muito capazes, sim'

De um universo de 630 matriculados na Escola João Gonçalves, 17 possuem alguma deficiência. Elaine quer dar mais visibilidade a essas crianças, muitas vezes taxadas pela sociedade como incapazes. “Elas são muito capazes, sim”, sublinha.

 

Com o teatro, o grupo, na avaliação da professora, está mostrando muito potencial e inteligência. “São crianças poderosas”, diz orgulhosa Elaine. “Nossa crianças do teatro são eficientes”, complementa.

 

Todos são narradores e atores do teatro de sombras. Os personagens foram sugeridos e confeccionados pelos próprios estudantes utilizando material reciclável encontrado na escola. Criaram: o Rio, a Gotinha (que evapora), o Vento, a Nuvem, a chuva, os peixes, a montanha, o monte de areia.

 

Estreia e próximo espetáculo

 

A peça estreou recentemente no XI Ecofestival, da Secretaria Municipal de Educação. “O papel da escola é garantir igualdade de direitos a todos e de valorizar as diferenças humanas”, declara Elaine.

 

No próximo dia 13 de outubro, os “astros” voltam à cena. Será no período da tarde, às 13h30, na escola. Serão uma das atrações da gincana de integração na Semana da Criança. “Eles estão ansiosos esperando essa data”, afirma a professora Elaine Seiffert.

 

Quem é Elaine

 

Elaine Siffert é professora efetiva da rede municipal de Florianópolis desde 2006. Ela Acredita que o ato de aprender está relacionado às questões afetivas, e, portanto, o educador precisa ir além dos conteúdos curriculares e trabalhar a valorização do ser humano.

 

Durante sua trajetória, criou o projeto Guardiões da Energia, no qual os alunos tornam-se multiplicadores da necessidade de economizar energia para colaborar com a sustentabilidade do planeta.

 

Todos os anos auxilia na mobilização na escola para o evento Hora do Planeta, que vai ao encontro deste projeto, que em 2012 recebeu o Prêmio Câmara de Educação Ambiental e a bandeira verde do Instituto Ambiental Ratones.

 

Há quatro anos, participou do curso “Diversidade e Educação para as Relações Etnicorraciais, proporcionado pela Secretaria Municipal de Educação. “Essa atividade me proporcionou rever atitudes e repensar valores enquanto profissional da educação”, destaca. “Graças ao curso pude rever conceitos de desigualdades, os avanços em termos de valores adquiridos ao longo da História, e também os retrocessos”.

 

Elaine vê a escola como um ambiente heterogêneo, onde cada aluno traz a sua bagagem, sua história de vida e deve ser respeitado. “Por isso resolvi fazer a pós-graduação em Gênero e Diversidade na UFSC, embora eu já houvesse feito anteriormente uma pós em Educação Ambiental”.


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