Secretaria Municipal de Educação
Há três anos, a aposentada Adélia Domingues tomou a decisão de voltar a estudar e escolheu a Educação de Jovens, Adultos e Idosos – EJA, como instituição. Vinda do Rio Grande do Sul em 1996, a viúva e mãe de onze filhos, nove deles vivos, frequenta a EJA Centro I Matutino, coordenado pela Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis. O polo funciona no Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI), localizado no Campus da Universidade Federal de Santa Catarina.
A motivação para voltar às salas de aula após 64 anos partiu do desejo de colocar no papel a própria história de vida. “No inicio, queria compartilhar com as pessoas relatos da minha infância. Como era a vida em Pinheiro Machado, cidade da onde eu vim. Minha criação. Como eduquei meus filhos. Mas, sou um pouco preguiçosa para escrever”, disse Adélia, com bom humor.
Ela interrompeu os estudos aos 14 anos para continuar trabalhando na cozinha de uma fazenda. Com o passar dos anos, voltar a estudar ficou ainda mais difícil, principalmente após ter casado com o primeiro esposo, que morreu de ataque cardíaco, e com a chegada dos filhos.
Com o tempo, depois de as crianças terem crescido e começado a própria vida, Adélia casou novamente e decidiu mudar-se para Florianópolis, pois alguns familiares já moravam na região. O segundo marido morreu há 11 anos, também por causa de um infarto. “Percebi que, com tanto tempo livre, poderia voltar a estudar, e recebi muito apoio dos meus filhos para esse recomeço”, completa.
Agenda cheia
Com 81 anos, Adélia Domingues “dá um banho” quando o assunto é disposição e independência. A agenda, repleta de atividades, demonstra uma rotina que não é para qualquer um. Nas segundas e quartas pela manhã ela vai para as aulas no NETI. Participa do coral Floripa Encanta, das aulas de teatro oferecidas pelo Instituto Federal Catarinense, e frequenta um cursinho de internet às sextas, com o objetivo de aprender a lidar com as redes sociais e, claro, navegar na web.
As aulas de ginástica ofertadas pela UFSC também fazem parte da lista, além de estar todos os domingos com um estande na feira de artesanatos na Lagoa da Conceição.
“É difícil alguém me achar em casa, ainda mais que moro sozinha. Gosto de estar na rua. Aprendendo coisas novas, fazendo amigos e jogando conversa fora. Procuro sempre estar envolvida em algum projeto”, completou a aposentada.
Para o futuro, planeja terminar os estudos no final do ano e quem sabe pensar numa graduação. Por enquanto, a ideia inicial de escrever a autobiografia foi engavetada, mas a vontade de estudar nem de longe deixou de existir.
