Secretaria Municipal de Saúde

27/12/2013 - Saúde
O controle da AIDS em Florianópolis, segundo a SMS
Está na hora de enfrentar o problema com seriedade

foto/divulgação: Tatiana Stock

Marcelo Pacheco de Freitas

“Precisamos quebrar o silêncio, banir o estigma e a discriminação e assegurar a inclusão total das pessoas na luta contra a AIDS” (Nelson Mandela)

Em relação ao diagnóstico, o exame do HIV está 100% descentralizado, ou seja, as pessoas têm acesso facilitado nos dois Centros de Testagem e Aconselhamento - CTA (um localizado no Centro e outro no Continente), bem como em todos os 50 Centros de Saúde do Município. 

Através da Portaria/SS/GAB 009/2010, Florianópolis tornou obrigatória a notificação dos casos de infecção pelo vírus do HIV no município, possibilitando conhecer o perfil do HIV na cidade, além de prever a rotina de exames (CD4, CD8, carga viral), consultas e tratamento.

O Laboratório Municipal é referência para o diagnóstico laboratorial do vírus HIV e de outros agravos de interesse epidemiológico. Para tanto, disponibiliza testagem para HIV e outras sorologias para a comunidade através da Rede Municipal de Saúde e dos CTA do município. O LAMUF busca no seu trabalho a excelência dos exames laboratoriais, investindo na qualificação de seus profissionais, nos materiais utilizados e no espaço físico adequado à responsabilidade que lhe é pertinente.

No apoio ao tratamento, o Município possui duas Unidades Dispensadoras de Medicamentos - UDM credenciadas pelo Ministério da Saúde, localizadas nas Policlínicas Centro e Continente, aumentando o acesso da população que vive com a AIDS para a retirada dos medicamentos antirretrovirais.

O vírus

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ou AIDS, é causada pelo HIV e é o estágio mais avançado da doença. Com o ataque do vírus HIV as células de defesa do nosso corpo, o organismo fica mais vulnerável a diversas doenças, de um simples resfriado a infecções mais graves como tuberculose ou câncer.

A infecção pelo HIV, vírus da imunodeficiência humana, continua sendo de grande relevância para a saúde pública no Brasil. Há muitas pessoas contaminadas que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença, mas, podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez, parto e amamentação.

Há alguns anos, receber o diagnóstico de AIDS era considerada muitas vezes como uma sentença de morte. Mas, hoje em dia, é possível ser soropositivo e viver com qualidade de vida. Basta tomar os medicamentos indicados e seguir corretamente as recomendações médicas. Saber precocemente da doença é fundamental para aumentar ainda mais a sobrevida da pessoa. 

Perfil: convivendo com o vírus

O engenheiro eletrônico Marcelo Pacheco de Freitas, 52 anos, trabalha na área da informática e é voluntário do FAÇA. Há seis descobriu ser soropositivo. “Meu namorado na época fez uma cirurgia plástica e teve problemas com cicatrização, foram realizados exames e detectado o soropositivo. Fiz o exame e também havia sido infectado."
 
É visto que a categoria de exposição heterossexual é a responsável pelo maior número de casos, sendo a relação sexual sem preservativo a principal forma de contágio. Ressalta-se aqui a dificuldade de sensibilizar a população heterossexual, casada ou com parceiro único, pois, acreditam que os indivíduos mais suscetíveis são aqueles que vivenciam a multiplicidade de parceiros.

Marcelo conversa conosco e conta como é conviver com a AIDS.

• Quais os questionamentos feitos por quem descobre ser soropositivo?

Primeiro, eu não sabia nada sobre o assunto, procurei saber o máximo possível. Depois comecei a me questionar como isso aconteceu e o que iria fazer a partir de agora. Outro questionamento foi: quem vai me querer assim? E, é claro, como vou contar em casa?

A AIDS no início era considerada pelos conservadores como a peste gay, logo depois ganhou outra conotação quando os dependentes químicos (de drogas injetáveis) começaram a adquirir o vírus. Hoje em dia, a pessoa consegue ficar anônima. Os remédios não permitem que as pessoas percam tanto peso quanto antigamente.

• O que mudou na sua vida depois que descobriu o vírus?

Tenho uma vida normal, saio, bebo no fim de semana, pratico sexo esporadicamente e consigo conviver com a AIDS. Eu aqui como voluntário me tornei um estímulo de renovação para os que chegam aqui perdidos.

• Deixe uma mensagem para quem é soropositivo
 
A vida continua a mesma. O que muda é o cuidado com a saúde. Seu infectologista tem que ser seu aliado.

• Agora uma mensagem para os que não têm AIDS

Não deixem de se proteger! A camisinha é essencial. E se por algum motivo o preservativo estourar ou você tiver em dúvida após a relação, você pode ir ao hospital Nereu Ramos (no caso de estar em Florianópolis) e pedir uma profilaxia pós-exposição (PEP). Mesmo a pessoa tendo tido relação sexual com um soropositivo, ela tem até 72 horas para evitar a contaminação. 

Jovens X Preservativos

Em relação aos jovens, estudos do Ministério da Saúde concluíram que são eles os que mais usam o preservativo em todas as situações, quando se compara com as outras faixas etárias. Além de possuir maior número de parcerias casuais e obter o preservativo gratuitamente com mais facilidade em relação aos demais. 

Nesse contexto, o início da atividade sexual nas gerações atuais tem sido cada vez mais acompanhado do uso do preservativo na primeira relação sexual, o que é muito bom dado o grande risco de contaminação dessa população. Essa tendência, por sua vez, é acompanhada por um maior número de parceiros sexuais eventuais ou casuais, que pode estar a indicar mudanças geracionais relacionadas à cultura sexual juvenil (BRASIL, 2011).

O HIV em números 

O número de casos de pessoas convivendo com HIV/AIDS vem aumentando progressivamente, tanto pelo surgimento de casos novos como pelo aumento da expectativa e qualidade de vida das pessoas infectadas.

Segundo dados do Ministério da Saúde de 1980 a junho de 2012 no Brasil, foram notificados um total de 656.701 casos de AIDS, dos quais 426.459 (64,9%) eram do sexo masculino e 230.161 (35,1%) do sexo feminino. Destes casos, 88.830 (13,5%) pertence à Região Sul.

• 30,9/100.000 habitantes – é a maior taxa de incidência de casos de AIDS registrada no Brasil em 2011 - Região Sul. Seguida pela Região Sudeste (21,0), Região Norte (20,8), Região Centro-Oeste (17,5), e Região Nordeste (13,9).

• 2° lugar é a colocação de Santa Catarina no ranking de estados com maior taxa de incidência em 2011, com 36,4 casos por 100.000 habitantes, precedido apenas pelo Rio Grande do Sul com 40,2 casos por 100.000 habitantes.

• 62 – é o número de casos de AIDS para cada 100.000 habitantes de Florianópolis no ano de 2011, ultrapassando a incidência Estadual, e foi o município do Estado com maior número de casos notificados (192). 

• Quanto à mortalidade, dados do Ministério da Saúde (2011) demonstram que a taxa sinaliza queda. Em 12 anos, a taxa de incidência baixou de 7,6 para 6,3 por 100 mil habitantes (17%). 

• 15 óbitos por 100.000 habitantes – é o coeficiente de mortalidade em Florianópolis. Isso reflete a dificuldade de sensibilização e adesão dos pacientes as terapias. 

• 10 é o número de anos em que a proporção entre homens e mulheres vem atenuando, passando de 3,7 homens para cada mulher em 1992 para 1,6 em 2012, em Florianópolis. Caracterizando o fenômeno da “feminização da AIDS”. 

• 40% dos casos de AIDS ocorrem em pessoas com menos de 35 anos, no pico da idade produtiva.